Projeto Político Pedagógico de Curso

INTRODUÇÃO

O presente documento apresenta o projeto político pedagógico do Curso de Graduação em Engenharia Ambiental, diurno, ofertado pela Faculdade de Tecnologia da UnB, sob a responsabilidade do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental - ENC.

O Departamento de Engenharia Civil foi criado em 1964 e sua primeira turma de graduados em Engenharia Civil diplomou-se em dezembro de 1969. Desde a sua criação, pela sua situação geográfica e pela força geopolítica da Capital Federal, o Departamento tem atraído alunos das diversas regiões do país e seus ex-alunos desempenhando suas atividades profissionais nos mais diversos setores da Engenharia Civil.

O Departamento de Engenharia Civil adotou, a partir de 1986 uma política intensiva de qualificação de seus professores, passando neste período de 2 (dois) professores com doutorado para 42 (quarenta e dois) até o final de 2002 e no presente, 60, dos 67 professores do ENC, são doutores. 

Desse esforço resultou a implantação de quatro programas de pós-graduação (Programa de Pós-Graduação em Transportes-PPGT, Programa de Pós-Graduação em Geotécnia-PPGG, Programa de Pós-graduação em Estruturas e Construção Civil-PECC e Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos-PTARH) e o reconhecimento nacional da qualidade do curso de graduação em Engenharia Civil.

Na mais recente avaliação do ENADE o Curso de Engenharia Civil foi um dos cinco cursos do Brasil a lograr conceito máximo.

O Programa de Pós Graduação em Transportes-PPGT foi criado em 1988, como curso de Mestrado em Transportes Urbanos, em uma iniciativa conjunta do então Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Tecnologia e a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Na sua trajetória, o Mestrado em Transportes Urbanos expandiu suas linhas de pesquisa e transformou-se em Mestrado em Transportes e, mais recentemente iniciou o curso de Doutorado em Transportes.

As linhas de pesquisa contempladas no PPGT são:  Estrutura Organizacional, Institucional e Financiamento dos Transportes; Infraestrutura de vias terrestres e infraestrutura para transporte não motorizado; Circulação e Segurança Viária; Produção de Transportes; e, Modelos de planejamento de Transportes. Em todas essas linhas de pesquisa a questão ambiental se insere fortemente, mas em particular destaca-se o estudo da avaliação dos impactos ambientais e sociais ligados à produção de transportes e a impactos provocados pelos transportes na qualidade de vida da população e no meio ambiente.

O Programa de Pós-Graduação em Geotécnia-PPGG iniciou suas atividades em 1989 com o curso de mestrado em Geotécnia. Em 1995 teve início o curso de doutorado e já em 1998 esse programa mostrava-se um dos melhores do país segundo avaliação da CAPES. São várias as linhas de pesquisa do PPGG:

  • Fundações e ensaios de campo;
  • Obras subterrâneas; Melhoria e reforço de solos; 
  • Pavimentação; 
  • Barragens de terra   e enrocamento; 
  • Barragens de rejeito e mineração;
  • Geologia de engenharia;
  • Cartografia geotécnica;
  • Métodos numéricos aplicados à Geotécnia;
  • Solos tropicais;
  • Solos não saturados;
  • Erosões;
  • Aterros sanitários;
  • Meio ambiente.

Todas as linhas de pesquisa apresentam grande interface com a questão ambiental, cabendo destaque para as linhas de erosões, aterros sanitários e utilização de materiais avançados e alternativos em obras de proteção ambiental.

O Programa de Pós-graduação em Estruturas e Construção Civil-PECC teve sua gênese em 1992 com o mestrado acadêmico e em 1999 deu início ao curso de doutorado.

  • As linhas de pesquisa incluem temáticas tradicionais da área de estrutura e de construção civil (Análise experimental de estruturas; 
  • Controle de Vibrações em Estruturas, Dinâmica e Fluido-estrutura; 
  • Efeitos Aerodinâmicos em Estruturas;
  • Propagação de Fissuras em Sólidos;
  • Fundamentos do Projeto de Estruturas Metálicas e de Concreto; 
  • Identificação de Sistemas e Avaliação da Integridade Estrutural;
  • Patologia, Recuperação, Manutenção e Reforço de Estruturas e Edificações;
  • Sistemas Construtivos e Desempenho de Materiais;
  • Métodos Numéricos e Computacionais Aplicados à Engenharia), mas também contempla a linha de pesquisa em Gestão, Qualidade e Sustentabilidade na Produção da Edificação, na qual   são desenvolvidas pesquisas em habitação de interesse social, sistemas da qualidade e ambiental, gestão e reciclagem de resíduos da construção civil e qualidade e sustentabilidade de materiais/processos.

O Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos-PTARH teve seu início em 1995, contemplando então apenas o nível de Mestrado. O curso de doutorado foi iniciado em 2002. O programa atua em quatro abrangentes linhas de pesquisa. A linha de Gestão Ambiental e de Recursos Hídricos engloba, entre outros temas, pesquisas em:

  • Avaliação de políticas públicas nas áreas de saneamento, recurso hídricos e meio ambiente;
  • Instrumentos técnicos e econômicos para gestão de recursos hídricos;
  • Métodos quantitativos para o gerenciamento de recursos hídricos;
  • Métodos de auxílio à decisão aplicados à gestão ambiental.

Na linha de Hidrologia Superficial e Subterrânea têm sido desenvolvidas pesquisas em:

  • Definição de requerimentos de resolução espacial e temporal para monitoramento da quantidade e da qualidade da água em bacias;
  • Estudos dos processos hidrológicos em áreas de cerrado;
  • Avaliação da influência do uso do solo sobre os recursos hídricos - Quantidade e Qualidade.

Na linha de pesquisa em Métodos e Modelos para Análise Ambiental e de Recursos Hídricos têm sido enfocados problemas de:

  • Disponibilidade de água no Distrito Federal;
  • Integração de sistema de informações geográficas e modelo hidrológico; 
  • Fluxo e contaminação de águas sub-superficiais; 
  • Melhores práticas de gerenciamento de águas pluviais urbanas; 
  • Modelagem hidráulica numérica e experimental de escoamentos.

Na linha denominada Saneamento Ambiental têm sido pesquisados os temas ligados a:

  • Tratamento de águas para consumo humano, com ênfase em remoção de patógenos, cianobactérias e micropoluentes orgânicos;
  • Tratamento de resíduos sólidos com ênfase no tratamento do lixiviado;
  • Tratamento de águas residuárias incorporando reuso e reaproveitamento de águas.

O ENC ao longo da sua trajetória foi acumulando experiência na abordagem tecnológica das questões ambientais, principalmente em nível de Pós-Graduação, mas também em nível de graduação por meio de disciplinas optativas e trabalhos de conclusão de curso e por essa razão é antiga a motivação para ofertar um curso de Engenharia Ambiental em nível de graduação. O crescimento da atuação do então Departamento de Engenharia Civil na questão ambiental levou seu Colegiado a tomar, em 1999, decisão de alterar o nome do departamento para Departamento de Engenharia Civil e Ambiental.

A primeira iniciativa de criação do Curso de Engenharia Ambiental data de 1998 quando um projeto pedagógico de curso foi aprovado tanto no Colegiado do ENC (12/12/1997) como da FT (27/05/1998), porém sua tramitação não avançou na administração superior da UnB, provavelmente em função da criação, à época, de vários cursos e a não existência de vagas docentes para atender às demandas dos cursos criado s. A nova oportunidade surgiu com a adesão da UnB ao Reuni. Assim, a proposta de criação de um curso de Engenharia Ambiental, diurno, ofertando 40 vagas semestrais, abrigado no Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Faculdade de Tecnologia, foi aprovado no CEPE e no CONSUNI em 2008. O primeiro vestibular para o curso de Engenharia Ambiental foi realizado no primeiro semestre de 2010. 

Embora centrado na experiência acumulada no Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, é importante ressaltar que outros Departamentos da FT têm também atuação na questão ambiental, e suas experiências serão aproveitadas na formação do Engenheiro Ambiental egresso da UnB por meio da oferta de disciplinas optativas.


JUSTIFICATIVA

As áreas de monitoramento, controle e gestão ambiental são reconhecidamente áreas prioritárias no Brasil e no mundo, fazendo com que haja uma grande demanda por profissionais altamente qualificados.Pelo reconhecimento tão amplo da sociedade e por seu caráter prioritário, considera-se desnecessária, no presente projeto, a descrição da importância da preservação do meio ambiente e da disponibilização de infraestrutura sanitária na região centro-oeste e no Brasil.

A demanda por profissionais para atuar na área ambiental é crescente e os egressos de cursos de Engenharia Ambiental podem atuar na iniciativa privada (empresas de projeto e consultoria, além da indústria) e em órgãos públicos (agências reguladoras, órgãos ambientais, companhias de saneamento, prefeituras, órgãos gestores, instituições de ensino e pesquisa, entre outros) e organizações não governamentais.

No Brasil há cerca de 200 cursos de graduação em Engenharia Ambiental, com participação das principais instituições de ensino superior público, embora a maioria dos cursos seja oferecido por faculdades particulares e apresentem forte vertente de gestão e menor embasamento tecnológico. Na região sudeste, uma das universidades pioneiras na oferta do curso de Engenharia Ambiental foi a UFV e mais recentemente, outras das principais universidades públicas passaram a ofertar esse curso, com destaque para UFRJ, UFES, USP-São Paulo, USP-São Carlos e UFMG.

Na região Centro-Oeste, entre as IFES, a UnB foi a última instituição a criar o curso de Engenharia Ambiental. A UnB por se encontrar na capital do País, por ser um paradigma de ensino superior de qualidade para a região centro-oeste, não podia se eximir de ofertar seu curso de graduação em Engenharia Ambiental.

A UnB tem, na sua essência, a vocação para formar recursos humanos para atuar em todo o território nacional mas, ao mesmo tempo, por ser o  centro das decisões das políticas de meio ambiente e de saneamento ambiental em caráter nacional, necessita de profissionais com sólida formação técnica para enfrentar os problemas atuais nesses campos de atuação e, também, com capacidade de antever e prever cenários futuros Para prevenir problemas de caráter local e global, sem abrir mão da capacidade de gestão.

Em outras palavras, o curso de Engenharia Ambiental da UnB, pretende formar um profissional diferenciado que alie forte formação técnica e tecnológica nas áreas meio ambiente e saneamento ambiental, com conhecimentos de planejamento e gestão ambiental, capaz de atuar em nível nacional e no Distrito Federal seja no setor público ou privado e ainda no terceiro setor.


MARCO REGULATÓRIO DO CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

Apresenta-se a seguir uma relação da legislação nacional diretamente aplicada ao curso em questão, destacando pontos importantes de cada legislação. Importante mencionar que todos os requisitos do MEC/CNE, CONFEA/CREA foram atendidos pelo presente projeto. 

  1. a) Criação da Modalidade Engenharia Ambiental (MEC – Portaria 1693/1994)

O curso de graduação em Engenharia Ambiental foi criado pelo MEC por meio da Portaria 1693/1994, a qual definiu ainda as seguintes matérias de Formação Básica e Formação Profissional Geral:

-  Formação Básica:  além das demais matérias já previstas para outros cursos de engenharia, inclui Biologia

-  Formação Profissional geral:  Geologia, Climatologia, Hidrologia, Ecologia geral e aplicada, Hidráulica, Cartografia, Recursos naturais, Poluição ambiental, Impactos ambientais, Sistemas de tratamento de águas e de resíduos, Legislação e direito ambiental, Saúde ambiental, Planejamento ambiental, Sistemas hidráulicos e sanitários

  1. b) Diretrizes curriculares nacionais dos Cursos de Graduação em Engenharia (CNE/CES – Resolução 11/2002)

A Resolução do Conselho Nacional de Educação e da Câmara de Educação Superior 11/2002 instituiu as diretrizes curriculares nacionais para os cursos de graduação em Engenharia. Itens de destaque desta resolução encontram-se listados abaixo.

Art.  3º O Curso de Graduação em Engenharia tem como perfil do egresso/profissional o engenheiro, com formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, capacitado a absorver e desenvolver novas tecnologias, estimulando a sua atuação crítica e criativa na identificação e resolução de problemas, considerando seus aspectos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais, com visão ética e humanística, em atendimento às demandas da sociedade.

Art. 4º A formação do engenheiro tem por objetivo dotar o profissional dos conhecimentos requeridos para o exercício das seguintes competências e habilidades gerais:

                I - Aplicar conhecimentos matemáticos, científicos, tecnológicos e instrumentais à engenharia;

                II - Projetar e conduzir experimentos e interpretar resultados;

                III - conceber, projetar e analisar sistemas, produtos e processos;

                IV - Planejar, supervisionar, elaborar e coordenar projetos e serviços de engenharia;

                V - Identificar, formular e resolver problemas de engenharia;

                VI - Desenvolver e/ou utilizar novas ferramentas e técnicas;

                VI - Supervisionar a operação e a manutenção de sistemas;

                VII - avaliar criticamente a operação e a manutenção de sistemas;

                VIII - comunicar-se eficientemente nas formas escrita, oral e gráfica;

                IX - Atuar em equipes multidisciplinares;

                X - Compreender e aplicar a ética e responsabilidade profissionais;

                XI - avaliar o impacto das atividades da engenharia no contexto social e ambiental;

                XII - avaliar a viabilidade econômica de projetos d e engenharia;

                XIII - assumir a postura de permanente busca de atualização profissional.

Em termos do Curso de Engenharia Ambiental da UnB os itens acima podem ser reescritos da seguinte forma, específica para o curso proposto:

“A formação do engenheiro ambiental terá por objetivo dotar o profissional dos conhecimentos requeridos para o exercício das seguintes competências e habilidades gerais:

                I - Aplicar conhecimentos científicos e tecnológicos e instrumentais à engenharia ambiental;

               II - Projetar e conduzir experimentos voltados para a solução de problemas da engenharia sanitária e ambiental e interpretar seus resultados;

               III - conceber, projetar e analisar sistemas, produtos e processos destinados à melhoria das condições sanitárias da população urbana e rural, a o monitoramento e controle da poluição da água, do ar e do solo e à remediação de ambientes impactados;

               IV -  planejar, supervisionar, elaborar e coordenar projetos e serviços de engenharia sanitária e ambiental, nos limites da acepção assumida por este campo profissional;

               V - Identificar, formular e resolver problemas de engenharia sanitária e ambiental, nos limites da acepção assumida por este campo profissional;

               VI - Desenvolver e/ou utilizar novas ferramentas e técnicas na engenharia ambiental;

               VII - Supervisionar a operação e a manutenção de sistemas de saneamento e de controle da poluição;

               VIII - avaliar criticamente a operação e a manutenção de sistemas de saneamento e de controle da poluição;

               IX - Comunicar-se eficientemente nas formas escrita, oral e gráfica;

               X - Atuar em equipes multidisciplinares;

               XI - Compreender e aplicar a ética e responsabilidade profissionais;

               XII - avaliar o impacto das atividades da engenharia no contexto social e ambiental;

               XIII - avaliar a viabilidade econômica de projetos d e engenharia sanitária e ambiental, nos limites da acepção assumida por este campo profissional;

               XIV - assumir a postura de permanente busca de atualização profissional.

               

A Resolução 11/2002 do CNE especifica também os denominados Conteúdos Básicos, Conteúdos Profissionalizantes e Conteúdo Específicos. O atendimento a essas diretrizes está abordado no Item 6.2 do presente projeto.

 

  1. c) Referencial do Curso de Engenharia Ambiental - Documento MEC/SESU “Referenciais Nacionais dos Cursos de Engenharia” Em recente documento, a SESu/MEC propõem a redução   das modalidades de cursos de Engenharia para 22 e propõe as referências para essas 22 modalidades.

No caso da Engenharia Ambiental a SESu/MEC propõe, atendidos os conteúdos do núcleo básico da Engenharia, os conteúdos profissionalizantes do curso são:

  • Ecologia e Microbiologia;
  • Climatologia;
  • Geologia;
  • Pedologia;
  • Cartografia e Fotogrametria;
  • Informática;
  • Geoprocessamento; 
  • Mecânica dos Sólidos; 
  • Mecânica dos Fluídos;
  • Gestão Ambiental;
  • Planejamento Ambiental;
  • Hidrologia;
  • Hidráulica Ambiental e Recursos Hídricos;
  • Poluição Ambiental;
  • Avaliação de Impactos e Riscos Ambientais;
  • Saneamento Ambiental;
  • Saúde Ambiental;
  • Caracterização e Tratamento de Resíduos Sólidos;
  • Líquidos e Gasoso;
  • Legislação e Direito ambiental;
  • Ciência dos Materiais;
  • Ergonomia e Segurança do Trabalho;
  • Métodos Numéricos;
  • Modelagem Ambiental;
  • Análise e Simulação de Sistemas Ambientais;
  • Sistemas de Informação.

Nesse mesmo documento a SESu/MEC sugere a infraestrutura recomendada para o curso. No caso da Engenharia Ambiental a SESu/MEC propõe: 

  • Laboratório de Física (Mecânica e Eletricidade);
  • Laboratório de Informática com programas específicos;
  • Laboratório de Química (Inorgânica, Analítica e Físico-Química);
  • Laboratório de Biologia (Ecologia e Microbiologia);
  • Laboratório de Geologia, Geotécnia e Solos;
  • Laboratório de Geoprocessamento;
  • Laboratório de Análise de Águas;
  • Laboratório de Hidráulica e Hidrologia;
  • Laboratório de Caracterização e Tratamento de Resíduos;

Atividades de Campo e Visitas Técnicas a indústrias, estações de tratamento de água e esgoto e aterros sanitários controlados.

  1. d) Legislação do sistema CONFEA/CREA

A Resolução 218/1973 criou a competência do Engenheiro Sanitarista, com as seguintes competências: “Art. 18 - Compete ao engenheiro sanitarista:

  • O desempenho das atividades 01 a 18 do artigo 1º desta Resolução, referentes a controle sanitário do ambiente;
  • Captação e distribuição de água;
  • Tratamento de água, esgoto e resíduos;
  • Controle de poluição;
  • Drenagem;
  • Higiene e conforto de ambiente;
  • Seus serviços afins e correlatos”.

 

A Resolução 447/2000 dispôs sobre o registro profissional do Engenheiro Ambiental, com “o desempenho das atividades... referentes à administração, gestão e ordenamento ambientais e ao monitoramento e mitigação de impactos ambientais, seus serviços afins e correlatos”. A Resolução discrimina as atividades do Engenheiro Ambiental, dentro de uma lista de 18 atividades.

A Resolução 1010/2005 revisou o sistema de atribuições profissionais, dispondo sobre a regulamentação da atribuição de títulos profissionais, atividades, competências e caracterização do âmbito de atuação dos profissionais inseridos no Sistema Confea/Crea, para efeito de fiscalização do exercício profissional. Esta Resolução, em seu Artigo 1º, lista 18 atividades que podem ser exercidas pelos engenheiros, de forma geral, incluindo-se aí os engenheiros ambientais:

                Atividade 01 - Gestão, supervisão, coordenação, orientação técnica;

                Atividade 02 - Coleta de dados, estudo, planejamento, projeto, especificação;

                Atividade 03 - Estudo de viabilidade técnico-econômica e ambiental;

                Atividade 04 - Assistência, assessoria, consultoria;

                Atividade 05 - Direção de obra ou serviço técnico;

                Atividade 06 - Vistoria, perícia, avaliação, monitoramento, laudo, parecer técnico, auditoria, arbitragem;

                Atividade 07 - Desempenho de cargo ou função técnica;

                Atividade 08 - Treinamento, ensino, pesquisa, desenvolvimento, análise, experimentação, ensaio, divulgação técnica, extensão;

                Atividade 09 - Elaboração de orçamento;

                Atividade 10 - Padronização, mensuração, controle de qualidade;

                Atividade 11 - Execução de obra ou serviço técnico;

                Atividade 12 - Fiscalização de obra ou serviço técnico;

                Atividade 13 - Produção técnica e especializada;

                Atividade 14 - Condução de serviço técnico;

                Atividade 15 - Condução de equipe de instalação, montagem, operação, reparo ou manutenção;                       

                Atividade 16 - Execução de instalação, montagem, operação, reparo ou manutenção;

                Atividade 17 - Operação, manutenção de equipamento ou instalação; e

                Atividade 18 - Execução de desenho técnico.

 

Essa Resolução detalha, em seu Anexo II, os campos de atuação do profissional de engenharia. No detalhamento da “modalidade Civil”, têm-se os seguintes campos de atuação:

  • Campo de atuação profissional no âmbito da Engenharia Civil;
  • Campo de atuação profissional no âmbito da Engenharia Sanitária;
  • Campo de atuação profissional no âmbito da Engenharia Ambiental.

Ou seja, o campo de atuação profissional do engenheiro ambiental se insere na modalidade Civil, muito embora uma análise detalhada de outras modalidades descritas no Anexo II da Resolução 1010/2005 do CONFEA revele que o engenheiro ambiental pode ter atribuições de outros campos da engenharia.

Assim, o presente curso foi estruturado de forma que o egresso possa exercer, de forma abrangente, atuação profissional no campo da Engenharia Ambiental. Entretanto, considerando que de acordo com essa nova legislação do CONFEA, que já se encontra em vigor, o reconhecimento das atribuições profissionais será feito com base na estrutura curricular e pedagógica do curso, e, com base nas disciplinas cursadas pelo aluno, os egressos do curso proposto poderão obter, pontualmente, atribuições além daquelas previstas para o campo da Engenharia Ambiental.


OBJETIVOS DO CURSO

O Curso de Graduação em Engenharia Ambiental, diurno, tem como objetivo geral formar engenheiros com sólido preparo científico e tecnológico na área de engenharia ambiental, podendo esse profissional obter atribuições específicas do campo de atuação profissional de engenharia sanitária a depender do elenco de disciplinas optativas cursadas.  Importante mencionar que o curso em questão é um curso, com formação mais abrangente que os cursos tradicionais de engenharia, porém com os elementos básicos que caracterizam um curso de engenharia: forte base em física e matemática.

 

Para que o profissional egresso possa atuar plenamente no campo da engenharia ambiental, o projeto do curso prevê que o aluno agregue:

                - Sólidos conhecimentos das ciências básicas, entendidas como ferramentas essenciais para o entendimento e a aplicação da ciência e tecnologia de controle ambiental, dentro de um caráter multidisciplinar;

                - Entendimento da estrutura e do comportamento dos componentes do meio ambiente (água, solo e ar), que possibilitem a avaliação, diagnóstico e modelagem do meio.

                - Sólidos conhecimentos da tecnologia de monitoramento e controle ambiental, permitindo a realização de estudos e projetos de equipamentos, instalações e sistemas de controle da poluição da água, do solo e do ar e de implementação de infraestrutura sanitária.

                - Entendimento dos instrumentos e técnicas de gestão ambiental, permitindo a aplicação dessas técnicas no escopo do desenvolvimento tecnológico e sustentabilidade.

Deve-se destacar que o presente projeto propõe um importante diferencial com relação à maioria dos cursos de Engenharia Ambiental do Brasil. Na maioria dos cursos predomina o enfoque da Gestão Ambiental, sem dúvida importante, mas que não dota o egresso de base técnica e tecnológica para efetivamente aprender a projetar sistemas de controle ambiental, modelar e analisar sistemas ambientais.  Nesse sentido o curso alia uma forte tendência tecnológica a fundamentos sólidos de gestão ambiental. O profissional egresso do curso de Engenharia Ambiental da UnB será um engenheiro em toda a sua ampla acepção, com capacidade de gestão fundamentada na sua formação tecnológica.


PERFIL PROFISSIONAL DO EGRESSO

O egresso do Curso de Engenharia Ambiental da UnB deve ser capaz de atuar profissionalmente, de modo individual ou em equipe, das seguintes formas:

               - Elaborar levantamentos e diagnósticos ambientais, caracterizando os compartimentos água, solo e ar;

               - Estruturar programas de monitoramento ambiental, com aquisição de dados e sua apresentação e interpretação;

               - Elaborar estudos e relatórios de impacto ambiental de locais submetidos a interferências;

               - Desenvolver, utilizar e interpretar modelos matemáticos de representação do comportamento dos compartimentos água, ar e solo sujeitos a poluição, degradação, interferência e impactos ambientais;

               - Elaborar relatórios de concepção, com proposição   de alternativas de controle ambiental;

               - Elaborar levantamentos em empreendimentos e atividades poluidoras e propor instrumentos de gestão, apontando possibilidades e meios de minimização da geração de resíduos e da utilização de recursos;

               - Elaborar projetos dos itens de processos relativos a instalações e sistemas de controle ambiental, tais como estações de tratamento de águas residuárias, aterros de resíduos sólidos e equipamentos de controle da emissão de poluentes gasosos;

               - Conceber e elaborar projetos de sistemas de infraestrutura de saneamento, tais como sistemas de abastecimento de água, sistemas de esgotamento sanitário, sistemas de manejo de águas pluvial e sistemas de gerenciamento de resíduos sólidos urbanos;

               - Operar sistemas e instalações de saneamento e controle ambiental, dentro de suas atribuições;

               - Participar em trabalhos de gestão ambiental, gestão de recursos hídricos e gestão de saneamento.

 

O profissional a ser formado no Curso de Engenharia Ambiental deve ser detentor de, entre outros:

                - Conhecimentos sólidos das ciências fundamentais de base para a engenharia e das tecnologias de controle ambiental;

               - Capacidade de diálogo técnico-científico, com profissionais que tradicionalmente atuam na área ambiental, como a geografia, a geologia, a biologia, a economia, ciências humanas, ciências agrárias e ciências da saúde, e também com movimentos sociais que atuam na temática ambiental;

                - Capacidade de atuar em equipes interdisciplinares;

                - Capacidade de expressão oral e escrita;

                - Conhecimento dos fundamentos da metodologia científica;

                - Conhecimento de recursos de informática e modelagem matemática;

                - Visão crítica da atuação social e política da engenharia;

                - Visão crítica da política ambiental e dos instrumentos de gestão ambiental

Finalmente é importante mencionar que a temática do meio ambiente está incorporada em vários cursos de graduação e pós-graduação da Universidade de Brasília, seja por meio de disciplinas específicas, de projetos de pesquisa ou de atividades de extensão, refletindo a importância desse tema na formação de qualquer egresso da UnB.

De fato, a temática ambiental não deve ser propriedade de uma formação profissional e comporta várias abordagens. Na UnB, no âmbito do Reuni, além do Curso de Engenharia Ambiental, foram criados também o curso de Ciências Ambientais (Campus Darcy Ribeiro, noturno) e de Gestão Ambiental (Campus de Planaltina, diurno), todos com perfis profissionais distintos e complementares, para efetivamente contribuir para a consolidação do desenvolvimento sustentável no Brasil.


 CONCEPÇÃO PEDAGÓGICA E ESTRUTURA CURRICULAR

Antes de se apresentar o detalhamento da estrutura do curso e a adequação às diretrizes curriculares que norteiam os cursos de engenharia (Resolução CNE/CES –  11/2002), cabe comentar sobre os pilares da concepção pedagógica do curso. Em se tratando de um curso de engenharia, considera-se fundamental que o aluno, antes de cursar as disciplinas profissionalizantes, obtenha forte base em matemática e física.  Nesse sentido, o aluno do curso de Engenharia Ambiental, cursará 540 horas (equivalente a 36 créditos) de conteúdos de física e matemática, o que equivale a cerca de 20% dos créditos obrigatórios. 

Diferentemente das engenharias mais tradicionais, na Engenharia ambiental, conceitos fundamentais de biologia e química são de grande importância para a formação do aluno. Nesse sentido, um dos pilares pedagógicos do curso proposto consiste em abordar conteúdos básicos de biologia e química de forma integrada com os conteúdos profissionalizantes, como forma de promover contínua motivação e reflexão dos alunos sobre a aplicação desses conceitos nos diferentes aspectos tecnológicos da Engenharia Ambiental.

Para tal, alguns conteúdos usualmente abordados em disciplinas de serviço serão abordados em disciplinas a serem ministradas no âmbito do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, por professores que têm formação básica na área de ciências, mas que desenvolveram sua formação acadêmica avançada aplicada na engenharia ambiental. Por exemplo, um químico, ou engenheiro químico, com formação avançada em tratamento de água ou tratamento de resíduos, será capaz de ministrar as disciplinas Aspectos Químicos de Qualidade da Água e Cinética, Processos e Operações unitárias de forma contextualizada e motivadora, propondo experimentos e exemplos aplicados à Engenharia Ambiental. Além disso, a presença de perfis profissionais diversificados no corpo docente do curso proporcionará uma maior capacidade de desenvolvimento de abordagens multidisciplinares e trabalhos inovadores, tanto em nível de ensino de graduação (exemplos, aulas experimentais, trabalhos de campo em equipe, trabalhos de IC e trabalhos de conclusão de curso - Projeto Final), como de pesquisa.

O fluxo de disciplinas, como não poderia deixar de ser, conduz o aluno para obter, entre o 1º e o 5º semestres, os fundamentos das ciências básicas disciplinas( relacionadas aos conteúdos de matemática,  estatística, física, química e biologia), os conceitos básicos de engenharia (conteúdos de fenômenos de transportes, mecânica do s sólidos, ciências dos materiais, representação gráfica,  métodos computacionais, entre outros) essenciais para cursar as disciplinas profissionalizantes, sem, contudo, distanciar o aluno de questões aplicadas, uma vez que, desde seu primeiro semestre, o aluno cursará disciplinas no Departamento de Engenharia Civil e Ambiental. Para fomentar que o aluno, desde o início do seu curso, “aprenda a aprender e a pensar na solução de problemas”, é previsto várias disciplinas com caráter experimental e o incentivo, particularmente nas disciplinas de conteúdos técnicos, à pesquisa e apresentação de seminários temáticos.

A partir do 5º semestre o aluno passa a cursar disciplinas em que são abordados os aspectos tecnológicos da Engenharia Ambiental (exemplo: hidráulica, hidrologia, saneamento ambiental, avaliação e controle de poluição de solo, água e ar; análise e modelagem de sistemas ambientais, entre outros), além de cursar também as disciplinas com conteúdo ligados à formação humanística do engenheiro ambiental, com objetivo de promover o seu espírito crítico.

Na fase de consolidação da sua formação tecnológica, 7º e 8º semestres, o fluxo de disciplinas foi construído de modo que o aluno possa visualizar inter-relação entre os conteúdos das diversas disciplinas de formação básica e profissionalizante e exercitar a solução de problemas utilizando esses conteúdos de forma integrada. Por exemplo, no sétimo semestre a ênfase é na questão do saneamento ambiental e sua relação com a questão urbana e de qualidade de vida, e os professores serão motivados a trabalhar seus conteúdos tomando como base um mesmo assentamento urbano. Já no oitavo semestre a ênfase é na avaliação e controle da poluição, introduzindo ainda os conceitos de análise de sistemas ambientais, e os professores serão motivados a trabalhar em uma mesma bacia hidrográfica impactada. É importante mencionar que a introdução de conteúdos de modelagem matemática e de pesquisa operacional aplicados aos sistemas ambientais é um diferencial do curso de engenharia ambiental da UnB quando comparado à vasta maioria dos demais cursos tanto e m instituições privadas como em IFES.

No oitavo semestre é previsto também que o aluno realize o estágio curricular obrigatório.

Nos dois últimos semestres, com conteúdo de formação humanística e após a consolidação dos conteúdos de caráter tecnológico, são introduzidos os conteúdos de planejamento, impactos, riscos e gestão ambiental, dentro da ótica que para se gerir é necessário conhecer o objeto da gestão. Ainda nesses semestres, o aluno desenvolver a seu trabalho de conclusão de curso (aqui denominado Projeto Final), como atividade de síntese e de integração de conhecimentos. Em outras palavras, os conteúdos relacionados ao campo da gestão ambiental, juntamente com o desenvolvimento do Projeto Final, devem coroar a formação do engenheiro ambiental egresso da Universidade de Brasília.

Para complementar e/ou tornar mais abrangente a formação, o aluno do curso de engenharia ambiental contará com um elenco vasto de disciplina optativas dentro e fora do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, além das disciplinas de módulo livre. Importante destacar o posicionamento das disciplinas optativas no fluxo, crescente a partir do quinto semestre, permitindo o amadurecimento do aluno.

Para cumprir os créditos em disciplinas optativas, o aluno, se desejar um maior foco em alguma área (recursos hídricos, Geotécnia ambiental, controle de poluição, análise de sistemas e modelagem, gestão, etc.), poderá cursar a maioria das disciplinas optativas em uma mesma área específica. Por outro lado, caso deseje ampliar sua formação generalista, o aluno poderá cursar disciplinas diversificadas em várias unidades da UnB. Além disso, as disciplinas optativas, por opção do aluno, poderão ser uma alternativa para o desenvolvimento profissional em interface com outras formações profissionais, inclusive com a própria engenharia civil ou com a engenharia sanitária, podendo obter atribuições mais específicas junto ao sistema CREA/CONFEA.

Estrutura Curricular do Curso 

Os cursos de Engenharia Ambiental são diurnos, presencial, e oferta 80 vagas anuais (40 por semestre). Para integralização do curso de engenharia ambiental o aluno deverá cursar 260 créditos, sendo 182 créditos em disciplinas obrigatórias (70% dos créditos do curso), 2 créditos em estágio curricular obrigatório (com 160 horas de dedicação do aluno no cumprimento do estágio) e os demais créditos em disciplinas optativas e módulo livre, sendo essas últimas limitadas em, no máximo, 24 créditos.

É recomendado que o curso seja integralizado em 10 semestres, conforme Fluxo de Disciplinas apresentado detalhadamente no Apêndice A, de modo que o aluno tenha tempo para participar de projetos de pesquisa, de atividades de extensão, de grupo de trabalho, de eventos ligados à questão ambiental, realizar estágios, entre outras atividades de construção do conhecimento.

Entretanto é viável a conclusão dos créditos no tempo mínimo de 8 semestres, sendo o limite de permanência máximo no curso de 18 semestres. 

 

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